Hoje eu quase chorei.
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22 de novembro de 2019.
Esse foi o dia em que conheci a Milene. E na época eu não estava bem.
Vou ser honesto com você, eu não era nada parecido com esse Elton que você está acostumado a ver.
Eu fui pra balada com um cara que nem era tão amigo meu, o Guilherme.
Lá pelas dez da noite a gente foi fumar um arguile (é assim que a gente chamava lá em Maringá) numa espécie de balada de um amigo dele.
E ele me contou que seria pai. O filho? De uma moça qualquer que sequer era namorada dele.
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Hoje eu quase chorei.
Quase chorei olhando para meu filho e pensando em como tive sorte.
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Posso ser honesto? Eu sinto falta de Maringá desde que a gente mudou aqui para o Rio Grande do Sul.
Eu já morei na França e na Itália, e esse lugar em que estou parece mesmo um outro país.
A galera daqui… Essa não é minha galera.
Não sei se isso faz sentido pra você, mas eu sei exatamente o que quero dizer quando uso essa expressão.
Hoje eu quase chorei.
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Quando eu vi a Milene foi diferente.
Abri a porta da balada, olhei para aquela mulher de preto sentada e pensei “pta que priu, Guilherme, gata pra c@*#lho!”
Ele concordou.
Compramos duas doses de Jägermeister e duas cervejas.
Demos uma volta pela balada. Fomos lá ficar perto da Milene — eu precisava chegar nela.
Cheguei.
O resto é história.
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C. S. Lewis explica que o amor dos amigos é uma espécie de amor que exclui. Exclui o resto do mundo, porque mais ninguém compartilha daquilo que só os amigos compartilham.
Os amigos estão unidos em algo tão íntimo e tão semelhante aos dois que ninguém mais pode fazer parte daquele círculo.
Quando voltei da Itália, uma amiga minha de infância me apresentou o seu ficante (kkkk ficante é f*da, não deveria ser status social).
Cara… imediatamente a gente se entendeu.
Esse é um dos caras que mais me fazem falta lá de Maringá.
Como dá saudade dos amigos.
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Eu quase chorei porque, sentado olhando o Samuel correr eu me lembrei de quando conheci a Milene.
Quase chorei porque eu lembro que eu estava no fundo do poço.
No desespero, eu resolvi dar um grito de ajuda para o tal do Deus.
Eu nem dava bola para Ele, mas no sufoco, por que não pedir? Vai que Ele dá bola pra mim.
Eu pedi. Ele me ouviu. A Milene apareceu e eu desisti de uma viagem louca que eu faria pela primeira vez — essa viagem envolveria muito álcool e… bom, melhor não comentar o resto.
Deus me ouviu. Ele me ouviu e naquela época eu chorei.
Dia 22 eu conheci a Milene. Dia 23 o flamengo foi campeão da Libertadores. Dia 24 — dessa vez, fevereiro de 2020 — eu fui pra Itália. Alguns meses depois me converti. Mais alguns meses, em 2021, eu me casei com a Milene, depois veio o Samuel e, bom, o resto é história.
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De novo, sendo bem honesto, eu sinto saudade do Guilherme; e do Andrey, o ficante da minha amiga; e do Alisson, e do Arthur… a vida passa rápido demais e todo mundo seguiu seu caminho.
Mas sabe o que às vezes me faz chorar?
Pensar que boa parte do meu tempo foi gasto com besteira.
Pensar que eu deixei de estar com meus amigos.
Pensar que eu deixei de estar com minha esposa.
Pensar que não aproveitei meu filho.
Tudo porque estava pensando nas coisas erradas.
O tempo passa muito rápido, não faça como eu, lembre-se sempre das pessoas que importam e não deixe que elas se esqueçam de você.
AMDG
Elton