No dia 26 de fevereiro de 2020 eu cheguei na Itália e fui atrás de uma mulher.
Não era a primeira vez. De 2011 a 2014 eu morei na França, lá em Rennes, a capital da Bretanha (que é a capital da cerveja da França, ou pelo menos foi o que me contaram meus amigos da faculdade). Durante o tempo que morei lá acabei fazendo uma viagem para conhecer Milão e Roma.
Mas enfim, cheguei na Itália e, de cara, me deparei com uma situação muito esquisita. No aeroporto tinha muita gente de máscara, e em alguns lugares você encontrava umas filas de pessoas fazendo uma espécie de “teste de temperatura”. Eu não tinha entendido muito bem por que isso estava acontecendo.
Veja bem, uns dois dias antes de eu viajar, saí com uns amigos e, em algum momento da conversa, alguém citou o Corona vírus. Eu me lembro exatamente do que um amigo e eu dissemos: “isso aí é conversa da mídia, igual todas as outras mil gripes que tiveram e nem foram tão graves assim como estão fazendo parecer”.
Foi por isso que eu cheguei na Itália achando muito estranho tanto alarme por causa de “mais uma gripezinha”. Bom, saí do aeroporto direto para um vento gelado num dia de 4°C, peguei meu ônibus e fui para o que seria minha casa pelos próximos 3 meses.
Por que eu fui parar na Itália no começo da pandemia?
Em novembro de 2019 eu conheci a Milene.
Era uma sexta-feira e a gente estava numa balada de rock (eu ia nesse lugar praticamente toda semana). Eu olhei para a Milene, achei ela gata demais, e fui falar com ela. Enquanto a gente conversava, ela me falou duas coisas marcantes:
- Em fevereiro eu vou para a Escócia.
- Eu torço para o flamengo.
Assim, eu não sou lá um grande torcedor; para falar a verdade, eu quase nunca assisto a um jogo do mengão, mas sempre que o Flamengo está perto de ganhar algum título, eu encarno o fã fiel que ama o time mais do que qualquer coisa no mundo. E no dia que conheci a Milene, faltava menos de 24 horas para a final da libertadores (Flamengo x River Plate), então eu estava com o modo torcedor fanático ativado.
Conversa vai, conversa vem, eu marquei gol na balada (dei meus beijos na moça mais bonita da festa toda) e a noite terminou com um combinado: amanhã a gente vai assistir à final junto.
Não sei se você sabe, mas aquela final foi um dos jogos mais emocionantes da história do futebol: o Gabigol virou o jogo nos últimos minutos e o Flamengo foi campeão. Eu não sei nem descrever o quão emocionante foi assistir àquele jogo: estávamos eu e a Milene torcendo para o Flamengo, e todos os meus amigos torcendo contra. Foi massa demais!
Depois do jogo, a gente (eu e a Milene) foi para uma festa. Eu tinha ganhado uns convites para essa festa que acontecia num lugar chamado Casa do lago (uma piscina enorme, em que a água só vai até o meio da canela, onde os caras botavam uma mesa de som e chamavam um dj). Conversa vai, conversa vem, naquela festa eu comecei a pensar cacete, vou ter que arrumar um jeito de ir para a Europa atrás dessa mulher, eu não posso perder ela.
Quando a noite acabou (e ela acabou de manhã), eu tinha certeza de que daria um jeito de ir para mais perto da Escócia no ano que vem.
Eu e a Milene ficamos juntos por 3 meses no Brasil até o dia dela partir para a Escócia, no comecinho de fevereiro. Nesse meio tempo aconteceu uma coisa inesperada: falei para minha mãe e minha tia, um dia em casa, que queria voltar para a Europa. Coincidência (ou não), minha tia já tinha ido 2 vezes para a Itália só para conseguir os documentos que faltavam do meu trisavô e que garantiam nossa cidadania italiana.
É claro, eu vou para a Itália! Ficou decidido imediatamente.
Eu logo dei um jeito de vender meu computador, meu videogame, mais um bocado de coisas, e consegui o dinheiro que precisava para sobreviver por 3 meses na Itália.
Comprei a passagem para ir o mais rápido possível e não perder muito tempo longe da minha namorada.
Mas essa viagem só se tornou possível por causa de uma coisa: uma semana depois que conheci a Milene, fiz meu primeiro lançamento na internet. Ele deu certo, e ali eu descobri que poderia ganhar dinheiro trabalhando de qualquer lugar do mundo.
Mas a história de como eu comecei na internet e ganhei dinheiro com meu primeiro lançamento, eu vou te contar na carta de amanhã.
Vou ali brincar com meu filho.
AMDG
Elton